Los Olvidados de Luis Buñuel no Cineclube Imigração
O filme do diretor espanhol foi uma indicação da apresentadora do programa radial “Entre Loucas” de Arica no Chile, Ray Nova, em sua primeira participação nos Cine Debates do Cineclube Imigração. “Los Olvidados” de 1950 é um filme do exílio de Buñuel após a Guerra Civil Espanhola. Depois da experiência com a Geração Literária de 25, o contato com Dalí, a produção de “O Cão Andaluz”, o fuzilamento de Federico García Lorca, a derrota dos Republicanos, a expansão do Fascismo e um longo exílio de mais de 30 anos. A produção mexicana de Buñuel marcou e influenciou novas gerações de realizadores pelo mundo.
Podemos ver “Los Olvidados” em filmes como “Ladrão de bicicletas” (1948) de Vittorio de Sica, “Los Inundados” (1962) do argentino Fernando Birri, “El Chacal de Nahueltoro” (1969) do chileno Miguel Littin e até em “Os 400 golpes” (1959) de François Truffaut. Filmes onde a pobreza e a violência são atores em um processo de desumanização do ser.
No cinema atual, esses temas continua presente como “Cidade de Deus” (2002) de Fernando Meirelles e Kátia Lund, “Central do Brasil” (1992) de Walter Salles, “Caidos del Cielo” (1990) do peruano Francisco Lombardi ou “La Estrategia del caracol” (1993) do colombiano Sergio Cabrera. Filmes onde a realidade social tem um compromisso político revolucionário. A transformação social a partir do cinema como ferramenta de denúncias das desigualdades políticas e econômicas em uma América subdesenvolvida.
Na Netflix, assisti a um filme onde todos estes temas voltam à pauta da nossa realidade. “O Trem italiano da Felicidade” (2024) de Cristina Comencini. No período pós-segunda Guerra, o traslado de criança do sul pobre italiano em um trem para o norte mais industrializado e intelectualizado da Itália. Lembrando-se das crianças judias que foram enviadas para longe de seus pais, para países onde o Fascismo não governava e que lhes permitiu preservar a vida e a memória de seus entes queridos que não sobreviveram aos campos de concentração ou as crianças espanholas que foram enviadas para Rússia com a mesma intenção durante a Guerra Civil Espanhola. Um filme de uma beleza e emotividade que faz chorar. Assim como o clássico de Buñuel, “Trem italiano da felicidade” permite emocionar-nos e perceber que fazemos parte desta realidade que muitas vezes é cruel com os mais jovens e indefesos.
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Por Francisco Lillo
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